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[Ouvindo... Zeca Pagodinho – Uma prova de amor]
Falem, podem falar. Mas eu gosto de Zeca Pagodinho. E todos os sambas, partidos altos e pagodes. Não sambo nada, minha gente. Mas gosto de ouvir, admiro e danço um “cadiquinho”, mas nada de mulata girando nem neguinho aos meus pés me admirando. Sabe como é português no samba né?
Isso me lembra gente. Gente que passa pela gente, gente que sempre traz algo na nossa lembrança, nos traz algo para a vida. Gente que renasce na gente as coisas bonitas e ruins.
Quando me vejo ouvindo pagode e samba
na sala, sentada, parada, me lembro de um senhor que conheci há muitos anos.
Seu nome era Samuel e não era judeu. Era um baita de um “brancão”, com barba e o pouco cabelo que tinha grisalhos. Usava sempre terno, vivia de terno. E eu na minha imaginação de 8 anos, imaginava que ele dormia de terno. Era um papai Noel de terno. Era juiz, minha mãe me falou um dia e então me conformei. Era um juiz muito calado, mas muito simpático e nos cumprimentava sempre. Era casado com a Alda, uma advogada bonita, senhora idosa, lá com os seus 60 anos. Andava sempre elegante, com as suas bolsas de mapas geográficos (bem típicos da época), suas blusas estampadas discretas e sempre muito bonita. Tinha filhos adultos, e portanto, netos mais ou menos da minha idade. E eu brincava com os netos da dona Alda e do senhor Samuel.
Um dia, enquanto jogava baralho com uma das netas deles, ouvi Zeca Pagodinho no escritório do senhor Samuel. E a música era “Verdade”, daquelas bem animadas (para quem não conhece). Estranhei aquela música vindo do escritório e fui lá verificar discretamente. O escritório era um cômodo bem decorado. Com uma enorme estante de livros, computador, e tudo muito bege. Sofá, carpete e móveis. E no fundo, sentado no sofá bege, estava lá o senhor Samuel. Sentado, com seu terno legítimo e inato, com um sorriso meio tímido, uma das mãos no braço do sofá batucando com o ritmo da música, pés parados e o Zeca cantando no fundo. Meu amigo Samuel me viu, e me perguntou e respondeu timidamente: “Gosta de pagode? Eu adoro!”. Nem deu tempo de responder coisa alguma! Corri para a outra sala e continuei no meu baralho com Gabriela.
Esse senhor Samuel me marcou sempre. Naquele tempo, a minha casa mantinha música praticamente 24 horas por dia. E sempre tocava o Zeca, Jorge Aragão e Paulinho da Viola. Este, muito raramente. Só no fim da infância que desenvolvi especial afeto por esse artista. Vizinhos reclamavam do som. E o senhor Samuel dizia
com seu jeito tímido e introvertido: “Deixa tocar, ninguém ta matando, ninguém ta roubando. Não incomoda não!”.
Talvez eu fique igual ao senhor Samuel. Talvez ele imaginava belas mulatas comparadas à dona Alda. Sentia saudade de alguém, de algo. Ou gostava simplesmente. E eu nem sei porque ouço Zeca e samba. Sinceramente? Com o samba lembro de certas ocasiões no Rio. E como sinto saudade!
Existem “figuras” que vem na nossa vida, que poderíamos fazer um livro sobre elas. E uma delas, é o senhor Samuel. Com seu terno imbatível, sua seriedade, sua educação e seu Zeca percorrendo seu escritório vivo de bege...
Abraço a todos!
E ao senhor Samuel, que jamais irá ler esse post!
[Ouvindo Zodiacs - Roberta Kelly]
Em homenagem ao puro brilho dos amigos. Essa música merece ser ouvida!
Custou, mas chegou!
Cada um com a sua opção, certo? Ninguém sabe como começa, mas vem desde pequenininho! “Ih, fulano virou gay!” Oh!
Comecemos com os gays homens, ok?
Alguns são românticos, alguns são discretos, alguns são estupidamente “galinhas”, mas TODOS são incrivelmente engraçados! Mas para chegar nessa fase de pura graça, é preciso algo: Se assumir e se conhecer.
Antes, vem aquela fase que não sabe o que é. Fica em dúvida se pega a amiga da sala ou se a odeia internamente por atrair o olhar dos meninos. Se preocupam se vão reparar no seu “jeitinho meigo demais”, e alguns dizem: “Viaaaaado? ODEIO! Num chega perto de mim se não eu M-O-R-R-OOOO!” É um mistério. Se for fortão... sem comentários!
Mas depois que passam por uma terapia intensiva (alguns) ou a própria aceitação da mãe, fazem atividades de integração propriamente gays (cabelereiro, gerente de boate gay, maquiador) e outras que são meio gays, além de conversarem intensivamente com amigas “esclarecidas”, na sua maioria lésbicas, aí que se revelam!
Revelam gostos nunca imaginados.
Alguns partem para roupas femininas, bolsas e maquiagem. Outros para culinária sofisticada, dança, decoração ultra-chique, mas TODOS AMAM: Astrologia, Tina Turner, Celine Dion, Gloria Gaynor, Corona e todas as “dance music” super animadas! Há aquelas que amam Rihanna, Kylie Minogue, e outras mais exóticas: Sophie Ellis-Bextor! Mas todas que
proporcionam uma atmosfera de desfile de moda, brilho, purpurina e luzes “violeta-ao-magenta” são as preferidas! Ah, e não esquecendo a rainha... MADONNA! Que inspira tantas roupas, cabelos e maquiagem!
Em sua maioria, usa roupas justinhas, cabelos muito bem cuidados, pulseirinhas bem estilosas, anéis e são super perfumados. Os que tem mais condições, em geral preferem os perfumes importados, e são em sua maioria adocicados ou femininos! Cheiro de macho? JAMAIS!
Quando vencem na vida (a grande maioria consegue), são de botar inveja em qualquer mulher. São super independentes, resolvidos, e vivem a vida intensamente!
Existem todos os apelidinhos possíveis: “mona”, “lady”, “biba”, “diva”... e por aí vai. Só MORREM, quando são chamadas de “viado”, “bicha”, “traveco”... e qualquer coisa que ofenda a classe!
Sobre seus gostos sexuais de homem, desconheço. Porém, quanto mais masculinos e viris, são seus preferidos! Dos fortões, aos magrelinhos!
Quando envelhecem, geralmente tem alguém de muito tempo. Depois de curtir toda a “galinhagem” da juventude, ou depois de tanto procurar alguém tão igual a ele, encontram um parceiro que geralmente o compreende perfeitamente. Dividem uma vida juntos e não é preciso mais ficar enciumado com as moças que tanto querem tirá-los da vida de brilho. As baladas acabam, mas são felizes assim. Se são sozinhos são felizes mesmo assim. Se são sozinhos e mal-resolvidos quando envelhecem, viram “bichas fofoqueiras”! Tenho autorização para chamar de bicha fofoqueira, porque “fofoqueira” merece o termo “bicha”! Depois de tantas baladas, tanta Gloria Gaynor, tanto
“O Segredo de Broken Mountain” e “Priscila, a Rainha do Deserto”, além de homens, e homens... morrem.
Ops, viram PURPURINA...!!!!!!!
Um abraço a todos os amigos!
Esse texto é uma mistura de todos os meus amigos gays, mas principalmente ao gay que mais convive comigo e que mais me atura: Arthur!
E lembro: Não sou lésbica, e não partilho do movimento gay. Porém, tenho pessoas queridas que fazem parte deste mundo de purpurina. Que muitas vezes é sem brilho, que o faz, principalmente: o preconceito!
E um beijo pro meu amado!